domingo, 26 de maio de 2013

CONFERÊNCIAS 12X12 PATRIMÓNIO



Cartaz das conferências que vão decorrer no Projecto 12x12 Património!


Apareçam!!!



WORKSHOP 12x12 PATRIMÓNIO



INSCREVAM-SE!!!!!!



Data limite das inscrições: 10 de Junho!


Técnicas de Fabrico

Alguns conteúdos teóricos do Workshop "12x12"



Origem e Tradições

      A palavra azulejo tem origem árabe, mas a sua etimologia é um pouco controversa. Poderá derivar dos seguintes termos árabes:

      - ZULÉIJA - AZZELIJ 

      - AL ZULEYCHA - AL ZULÉIJA 

      - AZ-ZULEIJ - AL ZULAIJU 

      - AL ZULACO 

Com o significado de «ladrilho» ou «pequena pedra polida».

     Definição: Placa cerâmica de pouca espessura, geralmente quadrada em que a face principal é vidrada, monocromática ou policromática, lisa ou em relevo, enquanto a face posterior (tardoz) se destina a ser fixada na superfície a que se destina.

Fig - Exemplar de um Tardoz



    Tardoz: é a face posterior, ou seja lado do azulejo oposto ao vidrado que se aplica diretamente no suporte de destino.





O AZULEJO: noções elementares


     Chacota (ou Biscoito): Placa de barro cozido sobre a qual é aplicado o vidrado (peça de azulejo que ainda só foi cozida uma vez, ou seja, antes de ser vidrada) 

     Engobe (ou Engobo): Substância de argila fina e pastosa que se utiliza para cobrir as peças cerâmicas em chacota e ainda não vitrificadas (como se se tratasse de um banho), ou para servir como elemento decorativo.

Fig.- Azulejo medieval de engobe amarelo sobre barro vermelho

decorado com uma flor-de-lis e dois cravos (França séc. XIV-XV)



     O Vidrado: Designação dada a uma substância composta por: sílica, boro e chumbo (silicato bórico de chumbo) e outros fundentes básicos (potassa, soda, cal, alumínio…triturados em conjunto). O vidrado serve para revestir as peças em chacota com uma camada vítrea (transparente ou opaca), sobre a qual se colocam os pigmentos da pintura. Também se pode designar por:

      •Verniz; cobertura ou

     •Esmalte (opaco ou transparente).

     Pode ter várias tonalidades conforme os óxidos metálicos utilizados – pigmentos. 



Fig.- Face anterior de um azulejo em chacota (não vidrado/esmaltado)



      O vidrado de estanho branco opaco, aplicado sobre a chacota, constitui a base da decoração pintada. O vidrado de estanho é essencialmente um vidrado de chumbo (transparente) que se torna branco pela adição de óxido de estanho.
       Depois de seca, a aplicação do vidrado deixa na superfície do azulejo uma camada uniforme de vidrado em pó que recebe os pigmentos. Depois de seca volta a receber nova cozedura. Caso a peça seja pintada antes da aplicação do vidrado, este pode ocultar parcialmente as cores mais suaves.

      Os Pigmentos: As cores aplicadas na decoração têm origem em óxidos metálicos:

       •Azul –Cobalto

       •Verde –Cobre

      •Vermelho e castanho –Ferro

      •Amarelo /laranja –Ferro

      •Castanho/preto –Manganês

      Os pigmentos eram moídos até ficarem em pó e depois diluídos em água e aplicados sob forma líquida.




Majólica Italiana


      Podem considerar-se dois tipos de Majólica:
       •Esmaltada– Nesta técnica a chacota era revestida com o vidrado estanhífero ficando assim a superfície preparada para receber a pintura.
        •Envernizada– A pintura era feita diretamente sobre a chacota e envernizada posteriormente.


    Cada uma delas implicava uma grande experiência por parte do decorador e um traço firme e seguro na aplicação das cores e dos vários matizados. Depois do barro devidamente purificado, e amassado para retirar qualquer bolha de ar existente, o barro é estendido até se obter a espessura do azulejo. Com a ajuda de um molde metálico são recortados os azulejos de acordo com as dimensões desejadas. Os azulejos são depois deixados a secar lentamente e de modo uniforme para evitar a sua deformação. Quando atingirem a «dureza do couro» são retificados com uma faca e, depois de totalmente secos são levados a cozer. Os azulejos em chacota recebem depois o vidrado e a aplicação das cores, sendo submetidos posteriormente à cozedura final.






Fig.-Exemplos de Majólica Italiana





Como se efetua a decoração da superfície:


Fig.-Desenhando o modelo sobre papel transparente

Fig.-Picotagem do papel




Fig.-Tudo preparado para estresir.




Fig.-Estresir - Passando o desenho do papel para a superfície do azulejo.



Fig.-Transposição do desenho por meio de pressão




 Fig.-Aspeto final da transposição do desenho.

Tipos de Decoração:


DECORAÇÃO GEOMÉTRICA

•Azulejo de padrão

•Enxaquetados

DECORAÇÃO FIGURATIVA

•Azulejos de figura avulsa

•Cenas galantes, episódios de cavalaria, cenas de género

•Temas históricos, religiosos, mitológicos, alegoricos

•Figuras de convite

•Paisagem, elementos da fauna e da flora (albarradas)

•Outros … … …




Técnicas de fabrico e pintura

Técnica do Alicatado:

Alicatado = Composição decorativa constituída pela combinação de secções recortadas de azulejos de diferentes cores lisas, com múltiplas formas geométricas justapostas, formando figuras geométricas segundo esquemas preestabelecidos.


Alicer (ou tacelo) = Peça cerâmica de pequenas dimensões usadas na composição de mosaicos.

Os alicatados são característicos da arte azulejar de Granada, muito utilizados também em Sevilha, entre os séculos XIII e XV. Entre os alicatados destacam-se dois tipos:
-Os que formam composições estreladas
-Os que resultam de «Laçarias» (faixas estreitas, quebradas ou curvas, que se entrecruzam percorrendo toda a composição.




Fig.-Composição segundo a técnica do Alicatado (Palácio Nac. de Sintra)


Fig.- Composição segundo a técnica do alicatado (laçaria)




Azulejos hispano-mouriscos (ou hispano-árabe ou Mudéjar)~


      A sua origem é espanhola e vieram substituir os «alicatados» em meados do séc. XV/XVI. Azulejo Hispano-Mourisco (ou Hispano-árabe ou Mudéjar) é a designação dada geralmente ao azulejo cuja produção é efetuada em Sevilha e Toledo, nos séculos XV e XVI, segundo duas técnicas:

         -Azulejos de «corda seca»

         -Azulejos de «aresta» (ou cuenca)

       Assim, a designação «azulejo de corda seca» ou «azulejo de aresta» deveria ser substituída por «azulejo hispano-mourisco de corda seca» e «azulejo hispano-mourisco de aresta». Surgiram inicialmente concretizados segundo a técnica de "corda seca", que consistia em gravar previamente o desenho desejado sobre uma placa de barro cru. Esta técnica, posteriormente sofre uma evolução com o intuito de rentabilizar a produção, passando a utilizar-se moldes com relevo, que após compressão do barro cru sobre o mesmo, este ficava com o desenho impresso. Após uma primeira cozedura, eram preenchidos com óxido de manganês e gordura, para evitar a mistura de cores durante a última cozedura.

       A técnica de «corda seca» é uma técnica de decoração hispano-mourisca, de finais do século XV e princípios do séc. XVI, que consiste em desenhar o contorno dos motivos decorativos por meio de sulcos sendo estes preenchidos com a mistura de uma substância gorda (geralmente óleo de linhaça e manganês) evitando, assim, que as cores se misturassem durante a cozedura. Os motivos iniciais utilizados por esta técnica eram sobretudo de carácter geométrico.





Fig.- Azulejo hispano-mourisco de corda seca com laçarias






Fig. - Azulejos hispano-mouriscos de aresta


      Durante este mesmo período – finais do século XV – surgiu também em Sevilha outra técnica, designada por «aresta» (ou cuenca) que vem substituir a técnica de corda seca e que se prolonga pelo séc. XVI.

     Nesta técnica também se recorria à utilização de um molde, de madeira ou de metal, mas com reentrâncias, que após compressão do barro cru, o mesmo ficava com saliências (arestas) que isolavam os esmaltes coloridos e evitavam a junção de cores durante a cozedura. Os azulejos Hispano-mourisco de aresta surgiram com motivos fitomórficos e de laçarias 

      Contudo, existem casos onde se verifica a presença das duas técnicas em simultâneo no mesmo azulejo pelo que se pode falar em «técnica mista».


Fig.- Azulejo hispano-mourisco de técnica mista (Sevilha, c. 1500)




Na decoração da superfície podemos, ainda, considerar duas variantes (de origem medieval) usando engobes:



   O embutido (embrechado): O desenho é feito por um sulco (embrechado). A depressão resultante é preenchida com engobe. Depois da cozedura o engobe, mais claro, contrasta com o vermelho do barro.

    O esgrafitado (do italiano sgrafitto= arranhar, riscar): Em termos gerais é a técnica de decoração que consiste na gravação com estilete ou prego no corpo cerâmico dos motivos decorativos, retirando o vidrado e deixando aparecer a chacota.
    
    No azulejo pode ser também efetuado cobrindo a superfície do azulejo com engobe riscando depois o desenho sobre ela deixando a descoberto o barro mais escuro. A tonalidade final do engobe dependia das características do vidrado (ex: sulfureto de cobre com o vidrado de chumbo –verde).







Motivos para a Proliferação da utilização do Azulejo: 


•O azulejo, na sua origem, não estava destinado a existir por si, como obra de arte decorativa isolada, mas sempre em função da arquitetura e na sua dependência

•Trata-se de um material de fabrico fácil e relativamente barato, de aplicação simples e de grande efeito decorativo, adaptável a qualquer tipo de locais e muito resistente à passagem do tempo

•As aplicações do azulejo tornaram-se muito variadas tanto na arquitetura civil como religiosa: nas paredes, no teto, no pavimento, tanto no interior como no exterior (onde está mais sujeito ao desgaste do tempo e a variações de temperatura).

•Desde cedo se perceberam as vantagens da utilização do azulejo graças a alguns factores relacionados com as suas potencialidades técnicas e decorativas: 

•Durabilidade •Versatilidade •Cintilação •Vibração lumínica •Colorido vibrante •Funcionalidade


Tipologias e Temáticas Azulejares



Tipologias e temáticas de azulejos em Portugal



      Em Portugal, antes da produção de azulejo de forma definitiva, exitiram essencialmente três tipos de azulejo que influenciaram o que viriam a ser as tipologias de azulejo produzidas. Sendo estes: os revestimentos medievais, em pavimentos; a produção ibérica de raiz muçulmana; a Majólica Italiana e a sua difusão na Europa.



Revestimentos Medievais (XI-XV)

     Consistiam numa espécie de mosaico em cerâmica de formas geométricas variadas.

terça-feira, 21 de maio de 2013

História do Azulejo em Portugal




História do Azulejo em Portugal


     Definição: Placa cerâmica de pouca espessura, geralmente quadrada em que a face principal é vidrada, monocromática ou policromática, lisa ou em relevo, enquanto a face posterior (tardoz) se destina a ser fixada na superfície a que se destina.


     O azulejo na sua origem, não tinha como objectivo existir por si próprio, como uma obra de arte isolada. Tinha como função ser um elemento decorativo que estava sempre relacionado com arquitectura, fosse ela de carácter civil ou religioso, e as suas aplicações eram bastante variadas: paredes, tectos, pavimentos, revestimento interior e exterior (onde está mais sujeito ao desgaste do tempo e às variações do tempo). 

    A fabricação do azulejo desenvolveu-se essencialmente em Espanha, Itália, França, Inglaterra e Portugal (respectivas colónias), devido: ao aperfeiçoamento das técnicas de fabrico e de pintura; utilização da policromia; e, inovação temática, que passou a incluir a figura humana e aspectos da natureza (os muçulmanos estavam proibidos de tratar estes ‘temas’ por preceitos religiosos). É de salientar que foi em Portugal que a utilização e o desenvolvimento do azulejo na arquitectura foi o mais abundante, criativo, variado e iconograficamente mais rico. 

     Por volta do século XIV, os artífices de formação mourisca introduziram na Península Ibérica as técnicas aprendidas no Médio Oriente. A introdução do azulejo e da “louça” em Portugal está relacionada com a importação de produtos da região do Levante Espanhol e da Andaluzia. Os primeiros contactos com os revestimentos cerâmicos terão ocorrido em finais do século XIII pelo uso do mosaico vidrado em pavimentos com decoração geométrica de cores lisas (Mosteiro de Alcobaça e Castelo de Leiria). Como até ao século XV, os principais centro produtores eram Sevilha, Málaga, Valência e Toledo, a decoração predominante era baseada em motivos mouriscos com entrelaçados e formas geométricas que se remetem em esquemas radiais que formam padrões. Na segunda metade do século XV os pavimentos começaram a ser revestidos com alfardons e losetas, ou com rajolas decoradas com engobes e importadas de Manises (Convento de Jesus em Setúbal e o Palácio dos Duques de Beja, conhecido por Palácio dos Infantes). 


     Em Coimbra existem grandes núcleos azulejares do século XVI, devido à acção do bispo-conde D. Jorge de Almeida, um do grande encomendador português de azulejos hispano mouriscos produzidos em Sevilha. Em 1503, fez o revestimento integral da catedral de Coimbra (paredes e colunas) simulando a presença de tecidos e vãos arquitectónicos. 





Sé Velha de Coimbra –Primitiva decoração das colunas das naves


     Volvidos cinco anos, chegou a Lisboa, uma encomenda de azulejos hispano mouriscos (Sevilha) para decorar o Palácio de Sintra (mais de 10 000 azulejos com grande variedade de padrões e técnicas: corda seca, aresta, esgrafitado e de relevo). Esta encomenda é resultado de uma visita de D. Manuel I a Sevilha.


Palácio de Sintra -Sala de D. Sebastião


    Pode-se afirmar que desde os finais do século XV e durante a 1ª metade do século XVI, o azulejo sevilhano passou a ser utilizado em Portugal de forma abundante. Estes azulejos reflectiam o «mudejarismo» andaluz tanto nas técnicas de produção, como nos motivos decorativos apesar de não se aplicar da mesma maneira que em Andaluzia. A partir do século XVI, começou a ser evidente uma maior liberdade decorativa, são introduzidas composições vegetalistas e geométricas. 
    
    Pode-se afirmar que desde os finais do século XV e durante a 1ª metade do século XVI, o azulejo sevilhano passou a ser utilizado em Portugal de forma abundante. Estes azulejos reflectiam o «mudejarismo» andaluz tanto nas técnicas de produção, como nos motivos decorativos apesar de não se aplicar da mesma maneira que em Andaluzia. A partir do século XVI, começou a ser evidente uma maior liberdade decorativa, são introduzidas composições vegetalistas e geométricas. 

   A primeira metade do século XVI, caracteriza-se pelo gosto pela decoração ornamental muçulmana, por superfícies cobertas de azulejo e início da produção azulejar em Portugal, contudo, foram mantidas as formas tradicionais de fabrico e de decoração muçulmanas. Na segunda metade, chegaram a Portugal azulejos vindos das oficinas flamengas de Talavera de la Reina e de Sevilha realizados segundo a técnica da majólica (influência da cerâmica italiana via Flandres). Por influência desses centros os ceramistas portugueses aprenderam os segredos da faiança alterando as técnicas de fabrico e a gramática decorativa tradicionais. Em meados do séc. XVI, a herança mourisca (azulejos mudéjares), é substituída pelos azulejos lisos, com decoração pintada sobre o vidrado, em técnica de majólica o que aumenta as possibilidades compositivas. Grande importação de azulejos vindos da Flandres, onde abundavam as representações figurativas. 

     A importação de azulejos de Antuérpia, em 1558, destinados ao Palácio Ducal de Vila Viçosa também foram um factor importante para a transformação do gosto em Portugal, e para o abandono dos azulejos mudéjares. Em finais do séc. XVI - inícios dos séculos XVII surgiram as composições portuguesas de enxaquetados. As novas tendências conduziram a composições mais eruditas; início da padronagem e de azulejos de “tapete”; introdução de motivos ornamentais exuberantes e cheios de fantasia inspirados nos tecidos indianos; composições figurativas por influência das gravuras que circulavam em Portugal (temática profana diversificada); e, painéis com temática religiosa (reflexo do Concílio de Trento). 

     Devido à conjuntura económica e política em Portugal (domínio filipino), a produção do azulejo vai sofrer algumas alterações, no último quartel do século XVI: diminuição das importações; isolamento dos ceramistas portugueses; desenvolvimento da produção oficinal; e, introdução de aspectos criativos e originais pelos ceramistas portugueses. Entre os primeiros painéis figurativos de produção portuguesa (2ª metade do séc. XVI), contam-se os que foram realizados para a Quinta da Bacalhoa e para a Quinta das Torres (Azeitão). 



Quinta da Bacalhoa –Compartimento da Casa do Tanque Azulejos hispano-mouriscos (1ª metade séc. XVI)


Quinta da Bacalhoa -decoração envolvente do muro da Casa do Tanque

     O século XVII é marcado pela: conservação das fórmulas e processos decorativos; restrição de soluções inovadoras; e, aparente fecho em torno de modelos que pareciam estar já ultrapassados na época. Porém, a criatividade e a inflação decorativa, sobretudo nos edifícios religiosos não se ressentiu demasiado. Fixado em Portugal o gosto por revestimentos cerâmicos monumentais em igrejas e palácios, era dispendiosa a encomenda de grandes composições únicas, adequadas a cada espaço. Optou-se por isso, azulejos de repetição. A tipologia mais característica do século XVII é a padronagem: os azulejos de «tapete» são as composições que dominam este século. 
    Os primeiros azulejos de padrão de fabrico português reflectiam a decoração maneirista de influência itálica e flamenga nos modelos mais utilizados: ponta de diamante; azulejos de Tapete: Parras; azulejos de Tapete: Motivos geométricos (Italo-flamengos); e, azulejos de Tapete: módulos diversificados. Em meados do século surgiram os padrões florais mais raros, os com policromia total de azul, amarelo, manganês e verde, sobre branco. As últimas décadas foram marcadas pela utilização exclusiva do azul sobre branco, anunciando o gosto dominante do primeiro quartel do séc. XVIII.


Igreja de Marvila, Santarém



A partir do último quartel do século XVII e durante quase cinquenta anos, importaram-se dos Países Baixos conjuntos monumentais de azulejos. Para além dos grandes painéis figurativos, chegaram-nos também dos Países Baixos azulejos comuns, chamados de figura avulsa. Cada azulejo representava uma cena autónoma de produção intimista própria ao gosto holandês. Porém, no nosso país foram utilizados/aplicados de acordo com a nossa tradição.


     As encomendas azulejares provenientes dos Países Baixos, estimularam a criatividade dos nossos artífices. Surgiram novas soluções: azulejos de figura avulsa e albarradas (vasos floridos). As composições figurativas tiveram um grande impulso. A produção azulejar portuguesa no século XVIII, divide-se em quatro períodos: Ciclo dos Mestres (1º quartel do séc. XVIII), grande Produção Joanina (2.º Quartel do séc. XVIII), rocócó (3.º e 4.º Quartel do século XVII) e, neoclassicismo (4º quartel séc. XVIII, início séc. XIX). 
      No início de setecentos, o pintor de azulejo volta a assumir o estatuto de artista assinando, com frequência, os seus painéis e o precursor desta situação foi o espanhol Gabriel del Barco, activo em Portugal desde os finais do século XVII. Este introduziu um gosto por envolvimento decorativo mais exuberante, e uma pintura liberta do contorno rigoroso do desenho. Estas inovações abriram caminho a outros artistas, dando início ao Ciclo dos Mestres – período áureo da azulejaria portuguesa. Este período, entre outros aspectos, caracterizou-se pelo: definitivo abandono da padronagem e início dos grandes programas decorativos (ciclos narrativos).







Azulejos da sala da Irmandade das Mercês -António de Oliveira Bernardes (1714) -Lisboa

      A grande produção joanina foi marcada pelo aumento sem precedentes do fabrico de azulejos (em parte devido a grandes encomendas vindas do Brasil), uso dos maiores ciclos de painéis historiados jamais executados em Portugal e repetição das figurações (devido ao aumento da produção). A par dos temas religiosos encomendados pela Igreja, passou-se a utilizar nos palácios mais cenas bucólicas, mitológicas, de caça e guerreiras, ou relacionadas com um dia a dia cortesão, bem patente nas chamadas figuras de convite colocadas nas entradas.

                                    

Painel figurativo joanino: Cena de caça (c. 1730-1735) – Valentim de Almeida (atr.) Mosteiro de São Vicente de Fora

       Em meados do século XVIII, ocorreram mudanças no gosto da sociedade portuguesa com a adopção de uma gramática decorativa influenciada pelo estilo Regência francês, mas sobretudo pelo Rocócó. Os painéis figurativos da época mostram, maioritariamente, cenas galantes e bucólicas, vindas de gravuras de Watteau.



Cena galante (1750-1755) – reprodução de gravura de Antoine Watteau
Banco de jardim, quinta dos Azulejos (Lisboa)

      O Terramoto que destruiu Lisboa em 1755 obrigou à reconstrução da cidade sendo que para esse efeito foi recuperada a padronagem como meio de animar arquitectura que, pela urgência da reedificação, se tornou muito depurada e funcional. Este tipo de azulejo, ficou conhecido com azulejo pombalino. A pintura do neoclassicismo surgiu em finais do século XVIII, prolongando-se até meados do século XIX. Reagiu contra o Barroco e os excessos do Rococó, redescobrindo o classicismo como fonte de inspiração. Este período azulejar foi marcado pelos seguintes aspectos: ornatos leves, sem expressão de volume (motivos florais, medalhões, laçarias), cerâmica de revestimento pré-industrial e, aperfeiçoamento técnico (material mais resistente com o máximo rendimento da matéria-prima).


Painel Neoclássico


      A partir da segunda metade do século XIX, o azulejo em padrão passou a cobrir milhares de fachadas, por ser o mais barato. A utilização de técnicas semi-industriais ou industriais permitia uma aplicação mais rápida e um rigor de produção. Surgiram várias fábricas que produziam uma enorme quantidade de azulejos padrão. De destacar as fábricas do Porto e Gaia, Massarelos, Carvalhinho e Devesas, pois estas produziam azulejos de padrão com relevo moldado e com cores contrastadas, num ecletismo romântico.

      O Modernismo no Azulejo enunciou-se com os padrões do arquitecto Raul Lino, desenhados entre 1907 e 1915, numa linguagem rigorosa de abstracção geométrica, por vezes com origem em formas naturais mas recusando qualquer mimetismo naturalista, atitude máxima do decorativismo alemão. Este movimento afirmou-se a partir de 1933, com a Política de Espírito do Estado Novo, que recuperou o azulejo como elemento de identificação cultural. Um espírito moderno, associado a uma arquitectura funcionalista internacional, surgiu cerca de 1950, sendo Maria Keil , autora, entre 1959 e 1972, dos revestimentos das primeiras estações do Metropolitano de Lisboa.
      No mesmo período afirmou-se uma geração de ceramistas modernos como Manuel Cargaleiro, Cecília de Sousa, activos em Lisboa, e Júlio Resende no Porto. Por volta de 1980, deu-se no nosso país uma expansão de diversidade, em parte, devido a encomendas do Metropolitano de Lisboa.







Al Zulaco


     O Al Zulaco é um espaço de dinamização cultural na cidade do Porto, onde tem lugar uma loja de comércio regional de azulejos e um local de exposição dedicado a estes.
     Os nossos objetivos passam por consciencializar o público da importância do azulejo no nosso património, assim como incentivar a preservação e restauro deste. Com este intuito, desenvolvemos um projeto constituído por uma exposição, um ciclo de palestras e um Workshop. 
     
     A exposição 12 por 12 de património, apresenta um espólio fotográfico de azulejos de diferentes índoles no Porto, e amostra de azulejos padrão. 
   Através de textos informativos - que se irão encontrar na exposição e no nosso blog - pretendemos dar a conhecer um pouco da história do azulejo em Portugal, as suas temáticas, tipologias e técnicas. 
     O ciclo de palestras que se irá realizar neste âmbito pretende levantar e responder a questões relacionadas com património, conservação e restauro. No blog estará disponível um texto redigido pelas curadoras com uma breve reflexão sobre o assunto.
   O Workshop irá fornecer ao público um contacto mais direto com o azulejo através da observação da sua produção em oficina e experimentação, com o intuito de ensinar as suas técnicas e conceitos teóricos que vão ser fornecidos no decorrer do mesmo. 


Apareçam!!!